E o trono vai para... (Carla Cristina Ferreira)

Do ano passado para cá não se fala em outra coisa a não ser em quem vai ficar com o trono: Lannister, Stark, Targaryen, Baratheon, Greyjoy. Isso mesmo, estamos falando de nada mais, nada menos do que "As Crônicas de Gelo e Fogo" de George R. R. Martin, que acabou ficando mais conhecida como Guerra dos Tronos ou Game of Thrones.

Originalmente publicado em 1996, fez um tremendo sucesso nos Estados Unidos, chegando aqui no Brasil com o título de "A Guerra dos Tronos" em setembro de 2010, já de olho na estreia da série homônima da HBO no ano seguinte. Assim, o sucesso de 592 páginas foi fielmente transportado para a tela de milhares de espectadores em apenas 10 capítulos, gerando uma grande euforia.

Narrado em primeira pessoa, mostrando o ponto de vista de personagens diferentes, é possível acompanhar acontecimentos que ocorrem simultaneamente, seja no Norte, em Porto Real, Além do Mar Estreito e na Muralha. Assim, no primeiro livro da série conhecemos o norte e sua gigantesca muralha de gelo que protege todos os Sete Reinos de Westeros dos inimigos para lá da muralha, e que tem como Guardião do Norte Lorde Eddard Stark.

Nossa avaliação - 8.5

Em Winterfell, lar dos Stark, a comitiva do rei Robert Baratheon chega para uma visita inesperada com a intenção de oferecer o prestigioso e cobiçado cargo de Mão do Rei ao seu amigo Ned (Eddard), que só aceita o cargo ao desconfiar que seu antecessor foi assassinado e que talvez a responsável seja a rainha Cersei Lannister.

Em meio a tantas preocupações, Ned acompanha o rei de volta à Porto Real com a esperança de protegê-lo de qualquer perigo, mas acaba percebendo que os inimigos estão em toda parte e que não pode confiar em ninguém.

Incesto, traição, intriga e assassinato são alguns dos elementos que compõe esta nova saga, rivalizando em grande escala com “O Senhor dos Anéis”; criando um mundo de fantasia, mas ao mesmo tempo tão real que dá a impressão de que a qualquer momento um cavaleiro sairá do castelo para defender a donzela de um terrível dragão, ou não. Talvez o dragão seja quem defenderá a donzela do cavaleiro.

São tantos personagens que acaba sendo difícil escolher o seu favorito, mas eu tenho alguns: começando com Tyrion Lannister. O anão, conhecido também como Duende, é o rei do sarcasmo; todas as suas tiradas são muito espirituosas e o que ele não tem de bonito e forte, tem de inteligente. Sua inteligência e sua língua ferina são suas armas mortais, não importa quem seja seu oponente: seu pai, sua irmã, lordes prepotentes... É claro que o dinheiro e o nome Lannister são grandes aliados, afinal “um Lannister sempre paga as suas dividas”. Sua franqueza está no coração; apesar de sua sagacidade, se deixa envolver por mulheres de vida fácil e fica claro que é um homem carente de amor e também de amigos, pois sabe que as pessoas estão apenas interessadas em seu dinheiro.

Meu segundo personagem favorito é Jon Snow, filho bastardo de Eddard, que sem nada muito excepcional (além do ator da série ser lindo!) me cativou; talvez por sentir lá no fundo que um mistério ronda seu nascimento e que muitas coisas o aguardam nos próximos livros (no terceiro em especial). Dá pra sentir o quanto ele sofre por ser um bastardo: sendo menosprezado pela esposa de seu pai e pelos lordes de berço nobre, mas amado por seus meios-irmãos (em especial Bran e Arya) e alguns dos novos companheiros da Patrulha da Noite.

Em último colocado, Arya Stark (segunda filha de Ned, a caçula das meninas) que não entende o mundo dos adultos e acaba se deparando com ele de forma dolorosa. Não aguenta as meninices da irmã mais velha, não suporta o exibicionismo de Joffrey e, acima de tudo, prefere espadas às bonecas (adoro!!). Uma personagem que mostra que terá muito a desenvolver e oferecer e ao longo da saga.

É claro que Ned Stark acaba sendo o personagem preferido de todo mundo, inclusive o meu (principalmente na série, vivido por Sean “Boromir” Bean, seu lindo!), mas acho que ele tem uma índole boa demais para viver no meio de tantas víboras e aranhas, tanto que não suporta a politicagem que o cargo de Mão lhe exige.

Infelizmente não dá para falar dos demais livros sem spoilers, mas tentarei não fazer grandes revelações. Então vamos seguir em frente que atrás tem muita gente de olho nesse trono.

Nossa avaliação - 9.0

O segundo livro, intitulado "A Fúria dos Reis", foi publicado originalmente em 1999 e nele Westeros encontra-se no meio de uma guerra civil, conhecida como Guerra dos Cinco Reis: Joffrey Baratheon (do lado dos Lannister), Renly e Stannis Baratheon (irmãos do falecido rei), Robb Stark (proclamado Rei do Norte) e agora Balon Greyjoy se declara Rei das Ilhas de Ferro. A luta entre o veado, o lobo, o leão e a lula está só começando. Isso sem contar com o dragão que pouco a pouco começa a abrir as suas asas.

Tyrion Lannister ocupa inesperadamente o cargo de Mão do Rei e faz de tudo para proteger Porto Real, inclusive veste cota de malha e lidera o ataque contra os inimigos do reino (sejam eles quais forem). Nesse livro em especial o Duende é meu herói! Simplesmente ele não quer saber quem está no caminho dele, derrubando quem quer que seja.

E para agitar só um pouquinho mais, as coisas não andam lá muito boas para os patrulheiros, que descobrem que os selvagens planejam um grande ataque. E o meu querido Jon Snow acaba sendo “obrigado” a se infiltrar no bando dos selvagens e assim colher informações que possam ajudá-lo a impedir esse ataque.

A pequena Arya Stark tem uma participação um pouco maior neste livro, mostrando pouco a pouco sua astúcia de loba, apesar de em alguns momentos demonstrar que é apenas uma menina de 8 anos, sozinha e desamparada. Enquanto que Daenerys continua sua peregrinação pelo leste a fim de conseguir um exército que a ajude a conquistar o trono de ferro.

Como toda moeda tem dois lados, não dá para deixar de falar daqueles personagens mais chatinhos; nesse caso Sansa e Daenerys. O que são as duas nesse livro? A Sansa sempre se preocupando em ser gentil, uma dama, e em agradar; a sua ingenuidade e sua cabecinha de vento chegam a dar nos nervos. Dá vontade de pegá-la pelos ombros e sacudi-la até acordar do conto de fadas em que vive. Ela me lembra muito a Kim, filha de Jack Bauer, em 24 Horas. Já a Daenerys fica mendigando aqui e ali, se fazendo de coitadinha ao invés de mostrar logo do que é capaz; mas tenho esperanças de que algo surpreendentemente bom ainda vá acontecer com as duas.

E para quem mal pode esperar para ver toda essa ação nas telinhas, a segunda temporada de Game of Thrones estreia hoje, dia 1º de abril (não é mentira, viu?), na HBO às 22:00, simultaneamente no Brasil e nos Estados Unidos.

Nossa avaliação - 10

Continuando nossa peregrinação pelos Sete Reinos e Além Mar, no terceiro livro, "A Tormenta de Espadas", o maior de todos (até o momento) com 884 páginas, é cheio de momentos Oh my God!! e é o melhor de todos os livros na minha opinião. Mais uma vez, vou tentar não revelar muito; então vamos lá...

Jon Snow acaba se tornando um vira-casaca, quebra seus votos e toma Ygritte como sua mulher (o que é a Ygritte repetindo o tempo todo “você não sabe nada Jon Snow?” Hilário!), mesmo tendo prometido a si mesmo que não colocaria bastardos no mundo. E, após uma sangrenta batalha, ganha graças à intervenção de um amigo (ou será inimigo?), Jon recebe uma importante missão.

O Rei do Norte começa a perder aliados importantes, enquanto o norte propriamente dito encontra-se mais e mais despedaçado pelas forças inimigas. Os Lannister também sofrem baixas significativas, incluindo mais um aleijado na família. As notícias do Casamento Vermelho são recebidas com alegria por alguns e com desespero por outros.

Superando todas as expectativas, Sansa cria coragem e foge graças a uma ajuda inesperada para longe de Porto Real, mas a sua ingenuidade continua impedindo-a de enxergar o que está na frente do seu nariz. A vida do Duende (tadinho) também sofre uma grande reviravolta; um dia você está por cima da carne-seca, no outro você virá a própria... Mas o Duende é o Duende, então os seus inimigos que se cuidem.

Durante todos esses acontecimentos, Arya continua peregrinando pelos Sete Reinos, tentando desesperadamente encontrar a mãe, enquanto Daenerys começa (finalmente) a juntar seu exército, mostrando-se uma excelente estrategista, mas ainda dependente de outros para ampará-la.

Fica uma pergunta no ar: são os mortos capazes de se vingar de seus inimigos?

Deu para se ter uma pequena ideia das surpresas que esse livro em especial guarda, né? E, à espera de mais e mais surpresas, foi recentemente publicado aqui o Brasil o quarto livro, “O Festim dos Corvos”, que após alcançar mais de 1500 páginas foi divido em duas partes, sendo a segunda (o quinto livro), intitulada “A Dança dos Dragões”.

Recentemente comecei a ler “O Festim de Corvos” na esperança de poder incluí-lo neste post, mas além de ter escrito um testamento aqui, ainda não consegui finalizar esse tijolinho. Mas não se preocupem, espero muito em breve escrever não só sobre o “Festim” como também sobre “A Dança dos Dragões” (pois já consegui que me emprestem o livro em inglês!). Não vai dar para esperar pela tradução, que está prometida para o segundo semestre, e vocês já podem conferir a capa aqui!

No Brasil os livros de George R. R. Martin são publicados pela LeYa.