sábado, 14 de abril de 2012

Trilogia Wake (Carla Cristina Ferreira e Renata Lima)


Recentemente, lemos os livros Wake, Fade, Gone (respectivamente "Despertar", "Desvanecer", "Desaparecer"), de Lisa McMann. Conhecidos como a trilogia Wake, todos foram muito bem recebidos nos Estados Unidos e aqui também, mas para falar a verdade os livros deixam muito a desejar.

Wake, publicado em 2008, é o primeiro livro de Lisa McMann, uma americana de 43 anos, mãe de dois filhos que vive no Arizona. Fade foi publicado em 2009 e Gone em 2010. Em 2011, McMann lançou (pasmem) três livros: The Unwanteds (uma nova série), Cryer's Cross e Dear Bully. Em 2012, lançou The Unwanteds: Island of Silence e Dead To You; em 2013, lancará Crash.

Na trilogia Wake, Lisa McMann teve uma ótima ideia que poderia ter se aprofundada e desenvolvida de mil maneiras diferentes e muito mais interessantes, mas a impressão que temos é de que ela se perdeu pelo caminho ou se deixou levar pela onda jovem e pop da literatura de hoje em dia. As capas dos livros são muito bonitas, têm um relevo interessante e realmente chamam a atenção. Basicamente são as mesmas capas americanas.

Quando eu, Carla, comecei a ler, pensei logo em Stephen King e em seu “O Apanhador de Sonhos”, mas logo vi que as duas histórias não tem nada em comum. Já eu, Renata, apostei que seria um livro interessante porque a temática era relativamente nova, longe da tríade sobrenatural anjo-lobisomem-vampiro que dominava a maioria das livrarias na época em que pegamos o livro.

Nossa avaliação - 5.5
Os livros narram a vida de Janie, que carrega a maldição de entrar nos sonhos das pessoas desde criança toda vez que alguém adormece perto dela. Isso torna-se um inconveniente porque ela não domina o "dom", ou seja, ela "apaga" por alguns minutos e é transportada para dentro do sonho da pessoa, estando na rua, na chuva, na fazenda e até no colégio ou dirigindo seu carro pelas ruas do bairro.

Até aí tudo bem, o problema é querer colocar a garota no meio de uma investigação policial chinfrim para descobrir através dos sonhos "provas" para incriminar um bandido qualquer - o que acontece em "Wake - Despertar" e "Fade - Desaparecer". Isso sem contar que todas as pessoas próximas à Janie sempre têm os mesmos sonhos, os mesmos pesadelos. Dá um tempo, né? Os nossos sonhos, pelo menos, são sempre sem pé nem cabeça, e nem sempre refletem algo que aconteceu ou um segredo que escondemos; muito menos se repetem constantemente.

Para piorar, e acabamos de verificar que não é um problema da tradução (no original também é assim), o livro é muito mal escrito. A pontuação é péssima, além de ter muito erros de digitação e concordância (alô, revisão!). Lembra muito o estilo de Clarisse Lispector, que por sinal não somos fãs: frases curtas em sequência dá nos nervos de qualquer um. Parece que a pessoa não consegue escrever orações, apenas frases simples. Isso sem mencionar o quanto os diálogos são superficiais e muitas vezes sem sentido, como se só estivessem ali preenchendo um espaço. E como tem diálogo inútil!

Outro problema é o fato de não haver continuidade na narração, os acontecimentos não estão interligados por uma linha de tempo. A ação demora a se desenvolver. Quando se narra um livro usando o tempo verbal no presente, espera-se uma coisa mais dinâmica. As datas confundem. Fazem o livro parecer um diário, mas quem escreveria um diário no presente e na terceira pessoa?

O terceiro problema é que os três livros poderiam ser condensados em apenas um, pois não há uma divisão significativa entre eles para haver essa separação; aquele momento de ápice onde o leitor fica ansiosamente esperando para saber o que vai acontecer em seguida, não existe aqui!

O ponto positivo do livro é que Janie é uma heroína possível. Tem problemas com a mãe, é pobre, tem amigos fúteis, precisa trabalhar para sustentar a casa e o vício da mãe. É um tipo de heroína diferente do que estamos acostumadas. Torcemos para que as coisas corram bem para ela, para que ela consiga controlar sua entrada e saída dos sonhos, para que não seja tão sacrificante para ela e para Cabel manterem um relacionamento.

Por falar em Cabel, teve gente que achou fantástica a parte final do livro (as 12 últimas páginas) que são narradas pela perspectiva de Cabel e não de Janie. Não tem nada de fantástico ali, a narração continua a mesma e a única diferença e ver Janie pelos olhos de Cabel e notar que ela não é tão inadequada quanto pensa.

Nossa avaliação - 5.0
Fade tem um ritmo melhor do que Wake. O namoro de Janie e Cabel continua secreto porque Cabel é visto como um drogado e foi detido no livro anterior. Eles continuam estudando e trabalhando juntos e dessa vez Janie pode ter uma chance de controlar seu dom quando descobre que Martha Stubin, uma outra apanhadora de sonhos já falecida, deixou um diário. Martha e a Capitã acabam preenchendo a lacuna que a mãe de Janie não preenche e Janie ganha duas figuras maternas.

O mistério envolvendo os professores e um aluno com sonhos violentos faz do livro bem mais interessante do que o caso das drogas do livro anterior. Mas de resto, pouca coisa muda em termos de erros, problemas de narração e concordância. E mais uma vez, Wake e Fade poderiam ser um livro só!

Nossa avaliação - 3.0
O tema principal de Gone é a decisão que Janie tem que tomar e o que o futuro lhe reserva. Ela continuará usando seu dom ou se isolará do mundo e de Cabel? Ela encontra seu pai e interagindo com ele (através dos sonhos) descobre um pouco sobre seu passado.

Se tivéssemos que fazer um gráfico da trilogia Wake, seria mais ou menos assim _/\_, talvez até pior porque a narrativa chata está ainda mais apurada. Como em Fade a história melhora um pouco, a narrativa não incomoda tanto, mas como diz o ditado, parece que Lisa McMann saved the best for last.

O mais difícil deste livro é chegar até o final dele. O livro vai acabando e a gente vai ficando cada vez mais irritado porque vê que no fim nada vai ser resolvido e o destino de Janie é realmente ingrato.

Quando Janie descobre o diário de Martha Stubin, temos a ideia (errada, diga-se de passagem) de que isso vai resolver todos os seus problemas. A impressão que tínhamos era de que ela aprenderia a controlar seu dom, de que ira usar seus poderes de forma consciente, de que ela não seria mais sugada para todo e qualquer sonho.

Lemos em algum lugar que o final da trilogia foi satisfatório. Se você chama de satisfatório um final sem pé nem cabeça, explicações muito mal feitas e muitas pontas soltas, tudo bem. E no fim, pode até ter sido satisfatório mesmo porque ler essa trilogia toda foi realmente um grande desperdício de tempo. Gostando ou não, pelo menos teve um fim.

Notícia fresca: Wake vai virar filme e Janie será interpretada por Miley-Hannah-Montana-Cyrus. Se isso é bom ou ruim, digam para gente. Cliquem aqui para saber mais notícias.

Os livros são publicados no Brasil pela Novo Século.

2 comentários:

  1. Você foi bem sincera quanto a sua resenha! Adorei isso! A série FALLEN também não é essas coisas que falam, é cansativa, enche linguiça na maior parte das vezes e tem apenas o que a maioria dos livros tem atualmente: CAPA BONITA E NOME DE IMPACTO!

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    Respostas
    1. Aline,

      somos muito sinceras mesmo! A Carla achou os livros péssimos! Eu os achei apenas ruim!

      Engraçado, nunca tive vontade de ler Fallen, nem olhando as capas.

      Bjs

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