Mais contos sinistros do mestre do terror (Renata Lima)

Os leitores assíduos deste blog já devem ter notado que sou fã de Stephen King. Na verdade, sou fã de terror e suspense de forma geral e sempre gostei de tudo que fosse paranormal (fantasmas, vampiros, lobisomens, aliens), mas sobretudo livros bem escritos, afinal de contas de que adianta um tema interessante se não for bem desenvolvido?

Stephen King já escreveu inúmeros livros, uns ótimos (como "A Hora do Vampiro"), outros excepcionais (como "A Dança da Morte"), outros decepcionantes (como "Jogo Perigoso"), alguns fracos (como "Os Estranhos") e outros extremamente perturbadores (como "O Iluminado"), mas acho que ele tem se especializado e obtido verdadeiro sucesso como escritor em seus livros de contos e não é à toa que já resenhei aqui "Pesadelos e Paisagens Noturnas Vol I", "Pesadelos e Paisagens Noturnas Vol II", "Sombras da Noite" e "Quatro Estações".



Nossa avaliação - 8,5

Hoje, volto a falar de Stephen King, seus contos e seu "misterioso e assustador", de acordo com o Sunday Telegraph, "Ao Cair da Noite", lançado em 2008 sob o título "Just After the Sunset". Aqui no Brasil foi lançado em 2011 pela Objetiva sob o selo Suma de Letras.

O livro, que tem 13 contos distribuídos em 398 páginas, alguns bem pequenos, outros de 50 páginas ou mais, conta também com a já tradicional introdução do autor e notas ao fim do livro nas quais ele narra o que serviu de inspiração para cada conto.

Vou falar um pouquinho de alguns contos (não se preocupem, leiam tranquilos porque não tem spoiler):

A Corredora: Emily Owensby é uma mulher inconformada com a morte súbita de seu bebê. Sem saber como lidar com a dor, Emily começa a correr quilômetros e mais quilômetros a cada dia. Quando o marido a questiona sobre as corridas, Emily o abandona e foge para a casa de verão do pai em uma ilha vazia (por conta da baixa temporada). Um belo dia, porém, Emily descobre que não está tão sozinha assim.

Posto de Parada: dois homens habitam o mesmo corpo. Um dia, em uma parada no meio da estrada, Dykstra/Hardin se depara com um homem batendo na mulher grávida. Como as duas personalidades irão reagir? (Alguém lembrou do livro "A Metade Negra"?)

As coisas que eles deixaram para trás: um sobrevivente de um atentado e sua vizinha descobrem que alguns objetos guardam resquícios de seus donos.

Tarde de Formatura: Janice tem planos para o futuro que não incluem Buddy, seu atual namorado rico e sua família esnobe. Mas como diz o ditado "O homem planeja, Deus ri".

N.: N. é um paciente com TOC adquirido depois de uma visita a um campo com pedras em semicírculo. Ele acredita que resistir aos impulsos do TOC liberará uma força maligna. Seu psiquiatra não acredita e resolve conferir...

O gato dos infernos: um idoso, convencido de que um gato com metade do rosto branco e a outra metade negra matou todos os integrantes de sua casa, contrata um assassino profissional.

The New York Times a preços promocionais: Anne recebe a ligação do marido que morreu em um acidente aéreo há poucos dias.

Ayana: Algumas pessoas têm o poder de curar outras pessoas. Mas nem sempre elas sabem disso.

Mudo: Um homem com problemas conjugais dá carona para um surdo-mudo numa noite chuvosa. Aproveitando da deficiência do homem, ele desabafa toda a sua vida e seus problemas.

Como sempre, o livro tem uma linguagem muito fácil e flui muito bem, mesmo com uns errinhos de revisão aqui e ali e com as Notas do Tradutor, que apesar de dar aquela quebra no ritmo de leitura, nesse caso, são bem esclarecedoras e têm aquele caráter elucidativo e não "acho que você é burro e não sabe o que é isso" como na maioria dos livros que abusam desse artifício.

Só uma curiosidade: o conto O Gato dos Infernos foi adaptado no filme Contos da Escuridão, de 1990. O conto obviamente é bem antigo, mas King disse que nunca encontrou um livro que servisse de lar para ele, até agora!