quarta-feira, 5 de março de 2014

Convergiu para onde? (Carla Cristina Ferreira)

Nossa avaliação - 8.0

Chegou a hora que encerramos mais uma trilogia de sucesso! É a vez de “Convergente”, último livro da série futurista-apocalíptica de Veronica Roth, publicado recentemente pela editora Rocco. Se você não se lembra dos livros anteriores, confira a resenha de “Divergente” e de “Insurgente” antes de ler este post.

Após os eventos reveladores do final de “Insurgente” é chegada a hora de se tomar uma decisão: viver sob o domínio de um poder absoluto, agora sob o comando de Evelyn (mãe de Tobias/Quatro) que decidiu abolir as facções, ou descobrir o que há além da cerca, após as revelações do vídeo de Edith Prior.

As pessoas estão divididas, mas definitivamente não houve grandes mudanças ao se trocar Jeanine por Evelyn; com ou sem facções não será através de um poder ditatorial que os habitantes desta ‘nova’ Chicago encontrarão a paz; assim, surge um novo grupo intitulado Leais que se opõe ao governo de Evelyn e quer trazer as facções de volta.

É neste cenário que Tris e seus amigos decidem ajudar as Leais, buscando a verdade sobre o que há além da cerca, encontrando respostas para muitas perguntas não respondidas como o porquê das facções terem sido criadas e porque do isolamento de Chicago.

“Convergente” conseguiu surpreender positiva e negativamente. Para começar o ritmo muda consideravelmente a partir do momento que o grupo de Tris decide atravessar a cerca: o ritmo acelerado com muitas reviravoltas e confrontos físicos é deixado de lado, dando lugar a inúmeras cenas com diálogos, alguns supérfluos.

Já a explicação da autora para a criação das facções fez todo o sentido; descobrimos que nada daquilo que pensávamos no primeiro livro é realmente a verdadeira justificativa para a criação desta sociedade distópica.

Entretanto, algo se perdeu na história e alguns fatos foram tão inverossímeis que contribuíram para isso; por exemplo, o grupo de Tris chega e é inserido sem mais nem menos em uma nova sociedade, sem questionamentos, podendo transitar com livre acesso e sem assumir nenhum tipo de função, apenas aproveitando sua temporada no local. Para mim não faz sentido.

O mesmo se dá com o comportamento de Tobias, que também deixou a desejar, pois ele foge completamente daquele cara centrado, que conseguia pensar analiticamente, ao agir de forma tão inconsequente quando descobre a verdade sobre as facções e os divergentes, juntando-se ao grupo de GD’s para tomar o complexo. Simplesmente era outro personagem, não era o Tobias que conhecemos, sem contar que esse momento especifico no livro poderia ser retirado, não contribuindo para nada na história.

Enquanto o relacionamento de Tris/Tobias perdeu o tempero, este foi contrabalanceado pelo drama Tris/Caleb. Mesmo após a traição do irmão, Tris não consegue perdoá-lo, mas também não consegue deixar de amá-lo. Talvez este seja um dos pontos altos do livro, assim como o desfecho de seus personagens, apesar de inesperado, bastante verossímil com o que já conhecemos de cada um deles, principalmente de Tris. Surpreendente, mas 100% condizente com a trama.

Sobre a sua estrutura narrativa, foi interessante a autora ter escolhido alterar a narração entre Tris e Tobias, apesar de pessoalmente acreditar que o livro seria mais rico e talvez até permanecesse o mesmo ritmo dos livros anteriores se apenas Tris narrasse.

Quanto ao título, não achei a escolha ruim, pelo contrário fez sentindo já os personagens estão convergindo para um ponto em comum, mas acho que Allengiat (título original, que significa fiel, leal) passa mais a ideia de ser leal às suas convicções e aos seus ideais.

Não se pode negar que o trabalho de Roth foi excepcional, com algumas falhas talvez, mas ainda sim de uma riqueza e imaginação sem igual. Tão original quanto “Jogos Vorazes” e “Harry Potter”. Está aí mais uma série que deu certo. Que venha a próxima!

E para encerrar, não esqueçam que a adaptação de “Divergente” chega às telinhas no próximo dia 21 de março! Confiram o trailer abaixo:



3 comentários: