quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O tic tac do relógio biológico em "A Proposta" (Renata Lima)


Nossa Avaliação - 7.0
Emma Harrison chega aos trinta e, exaurida pelas perdas de sua vida, decide que não quer esperar mais pelo príncipe encantado para ter um bebê. Com quase tudo acertado para a inseminação artificial, de repente seu melhor amigo gay Connor desiste de doar seu esperma por pressão do companheiro. Apavorada com o fato de ter que procurar um banco de esperma e acabar com genes de um psicopata, Emma entra em desespero até que Aidan Fitzgerald reaparece em seu caminho.

Galinha de marca maior, Aidan deu em cima de Emma em uma festa promovida pela empresa em que os dois trabalham há algum tempo, mas Emma o recusou ao descobrir pelas colegas de trabalho a má fama do garanhão. Mas agora esse mesmo garanhão oferece a Emma o que ela mais precisa, seu esperma, com a condição de que a concepção precisa ser natural.

Emma e Aidan desenvolvem uma relação de sexo casual, sem amarras, sem cobraças, baseado principalmente na concepção dela. Há datas certas, tabelas, testes de ovulação, mas obviamente aos poucos os dois vão se envolvendo e se apaixonando. Emma perdeu seu noivo há algum tempo, Aidan teve uma relação conflituosa com Amy e não está disposto a se amarrar novamente, mas será que os dois conseguirão ficar afastados um do outro? Será que Emma conseguirá ser mãe solteira sem ter um companheiro para apoiá-la nos momentos mais difíceis?

O enredo pode parecer previsível, mas não deixa de ser bonitinho, principalmente quando notamos a montanha-russa hormonal ao qual Emma se submete para conceber o bebê e o quão vulnerável ela fica quando descobre que não quer só um filho, mas também uma família. Por outro lado, travamos junto com Aidan um caminho tortuoso e difícil: por um lado ele não quer se envolver com coisas de bebê, troca de fraldas e esse tipo de coisa, mas por outro tem reações e atitudes tão fofas que nota-se que Emma não é uma mulher qualquer depois que ele passa a conhecê-la melhor.

Apesar de gostar muito da história e do desenrolar dela, duas coisas me irritaram bastante, um item mais técnico e outro que se refere mais à história mesmo. O fim do livro é abrupto demais e me deu aquela impressão de penúltimo capítulo de novela, sabe? Dá o gancho, toca a música de suspense e pá, sobem os créditos. Se eu tivesse que esperar meses pelo próximo livro, que é o que normalmente acontece, ficaria p da vida, então ainda bem que eu já tinha o segundo livro engatilhado no Kindle (que aliás, já estou lendo)! Quanto ao item mais técnico que eu mencionei acima, eu realmente não gostei nem da tradução e menos ainda da revisão.

En inglês as frases tentem a ser mais curtas e em português não. O livro é quase todo construídos de frases curtas e um irritante artigo definido vem na maioria das vezes na frente dos nomes próprios na narração e não somente nos diálogos. Nos diálogos, tudo bem, dá uma ideia de proximidade, de intimidade dizer "Pena que o Aidan não entende a Emma.", mas na narração fica chato, pesado e íntimo demais. 

E depois tem o absurdo uso de pronomes. É um tal de "Olhou para o Aindan, segurou a mão dele, ele alisou os cabelos dela, beijou a cabeça dela, sentou-se perto dela, colocou a mão dele na dela" e por aí vai. Absurdamente redundante e cansativo. Fora os erros crassos de português como "trazeiro". Sério, muito ruim.

Eu daria nota 8.0 para o livro, mas todos esses erros me fizeram repensar na nota e baixar para 7.0, ou seja, passa de ano, mas passa raspando por causa do péssimo trabalho editorial da Pandorga.

Vale lembrar que o livro é uma trilogia, mas que o terceiro livro não retrata o mesmo casal dos dois primeiros. A ordem abaixo é a de lançamento e o conto "A Festa" se passa cronologicamente antes do primeiro livro.



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