segunda-feira, 17 de novembro de 2014

As cores estão de volta no segundo volume do Quarteto Doador (Renata Lima)


O primeiro livro do Quarteto Doador, "O Doador", depois renomeado para "O Doador de Memórias" no relançamento de 2014 - por causa do filme homônimo - de Lois Lowry foi lançado aqui no Brasil pela primeira vez em 1996 pela editora Ediouro. Anos depois, em 2009, a Sextante relançou o livro, mas até esse ano não tinha dado continuidade à série.

Talvez por causa do relativo sucesso do filme e do relançamento do livro com a capa do filme, 18 anos após o primeiro lançamento, a Arqueiro finalmente lançou agora em novembro o segundo volume do quarteto que em inglês se chama Gathering Blue e em português virou "A Escolhida", que de certa forma é um bom título.

Nossa Avaliação - 7.0
Se no primeiro livro, conhecemos o mundo cheio de regras e controles de Jonas, o Recebedor de Memórias, nesse segundo livro temos um mundo mais próximo à realidade: um povoado machista e rústico onde as mulheres são responsáveis pelos filhos e pelas tarefas domésticas e pequenos comércios de produtos e os homens são os provedores de comida, abrigo e segurança. Lá moram pessoas simples que vivem com certas restrições e algumas regras que não nos são totalmente estranhas. Uma das maiores regras é que todos os moradores devem colaborar com a comunidade de alguma forma, e isso, inicialmente, pode ser um problema para a protagonista Kira.

Kira nasceu com uma deficiência física na perna e deveria ter sido "descartada" no nascimento, mas a mãe insistiu em ficar com o bebê e Kira cresceu sempre prestativa, ajudando na colheita e costurando com retalhos. Quando a mãe de Kira morre, os moradores locais ameaçam expulsar a jovem e utilizar o terreno de sua casa para ajudar a comunidade. Para eles, Kira não tem muita utilidade agora que está sozinha no mundo, além de andar apoiada em uma bengala. A única chance de Kira é que o Conselho dos Guardiões, utilizado em momentos de crise e dúvida, tenha piedade dela e julgue a causa em seu favor. 

Apavorada com a possibilidade de ser expulsa para a mata, que seria quase como a floresta de uma fábula, com seres desconhecidos e bizarros, que levaram o pai de Kira há tantos anos, ela precisa exaltar suas habilidades perante o Conselho, mas, como é considerada uma criança, o Conselho escolhe um Defensor para ela e é esse Defensor que Kira julga um quase desconhecido que a salva através de suas habilidades na tecelagem.

Com o dom de tecer tudo, Kira deixa sua casa e vai morar no lugar dos superdotados: no prédio do Conselho, se tornando assim A Tecelã e tendo mais mordomias do que jamais teve na vida para restaurar o manto do “Cantor”, uma pessoa também com um dom que canta as histórias do mundo antigo, todas essas histórias devidamente retratadas através dos bordados no manto.

Mas apesar de ser uma excelente tecelã, Kira tinha dificuldade com a tintura e a maior delas é que não havia qualquer fonte da cor azul na pequena comunidade e Kira está determinada a consegui-la transpondo os limites da mata ao redor da comunidade com seu melhor amigo Matt, uma criança absolutamente fofa que rouba todas as cenas em que aparece com seu cão pulguento. Lindo demais!

Existem semelhanças dessa comunidade com a retratada no primeiro livro, claro, não seria um Quarteto se não houvesse uma ligação entre os livros, mas essa é uma história completamente independente da primeira. Talvez independente não seja a palavra, a verdade é que eu li como se fosse uma história paralela que, aos poucos, a gente vai descobrindo que pode se passar em outro tempo, no futuro ou no passado, mas não vou revelar!

Por algum motivo, no entanto, a história não me conquistou tanto quanto o primeiro livro. O acúmulo de mistérios não-elucidados nesse e no primeiro livro dão a impressão de que não haverá muito esclarecimento adiante. Fora que quando você apresenta um universo e em seguida apresenta outro dá um certo desânimo ter que ficar esperando pelo que vai acontecer lá na frente e pensar em como essas histórias irão eventualmente se unir.

Como li o livro em inglês, não posso falar muito da edição da Arqueiro, mas se você tiver alguma crítica, pode deixar nos comentários!

Achei o livro bom, mas não tão bom quanto o primeiro ou quanto o terceiro (do qual falaremos quando a Arqueiro lançar), mas definitivamente é melhor do que o último!

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