sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Zumbis invadem São Paulo e o mundo (Renata Lima)


Se vocês já conhecem um pouquinho o gosto de cada uma das nossas autoras aqui do blog, acho que já sabem que, junto com a Kelly, sou uma das mais sanguinárias. Adoro terror, suspense, sobrenatural, então quando esse livro veio parar na minha mão, fiquei mais do que feliz em começar a leitura, sendo que tinha outro livro de zumbis na lista, o Apocalipse Z do Manel Loureiro. 

Nossa Avaliação - 8.0
A abordagem do Manel Loureiro é clássica: um ataque terrorista a um laboratório governamental russo desencadeou o apocalipse zumbi. A abordagem de Rodrigo de Oliveira em "O Vale dos Mortos" é bem diferente: em 2018 o planeta Terra tem uma experiência que inicialmente parecia perigosa, mas acabou sendo considerada como uma linda oportunidade pelos cientistas: o planeta Absinto passará pela Terra sem colidir com nosso planeta e será um verdadeiro espetáculo para os espectadores do dia 14 de Julho! 

Um tanto alheios ao espetáculo, Ivan, a esposa Estela, e seus dois filhos pequenos, saem de casa em São José dos Campos e vão para o shopping. O que seria um dia de final de semana comum vira um filme de terror quando as pessoas começam a desmaiar na praça de alimentação e quando voltam, alguns minutos depois, são seres de olhos esbranquiçados com sede de sangue que atacam as pessoas que estão tentando ajudar com mordidas.

Ao fugir da praça de alimentação, a família de Ivan percebe que não é só o shopping que está assim, por algum motivo toda o bairro está em caos e, depois de um acidente e muitas outras ameaças, eles se instalam em um outro shopping em obras juntamente com outros sobreviventes. E se você acha que já viu isso em algum lugar, como em "Madrugada dos Mortos" por exemplo, existem semelhanças, claro, mas também muitas diferenças, principalmente na dinâmica do grupo e nas habilidades militares de Ivan.

Narrado em terceira pessoa, o livro é muito bem escrito, com momentos de tensão de arrepiar até o último fio de cabelo. Os protagonistas são inteligentes e, claro, além dos antagonistas zumbis também tem o carinha que quer tirar a liderança do Ivan, mas de certa forma existe uma identificação até com o mais chato dos personagens. 

Não conheço muito de São Paulo, mas o passeio pelas ruas no resgate dos sobreviventes é muito interessante, sempre falando sobre marcos da cidade, então quem mora nesses lugares deve ter se sentido praticamente dentro do livro!

A única coisa que me incomodou no livro, para dizer a verdade, foi o fato das pessoas serem um tanto mocinhos demais. Nesse ponto, acho The Walking Dead mais realista. É tão complicado saber quem é bom e quem é mau que o instinto de autopreservação não instiga a sair e procurar por sobreviventes, principalmente se você já está com a sua família, mas Ivan tem essa atitude de "vamos salvar os sobreviventes do mundo" que realmente não me convenceu.

O interessante é que há margem para muita coisa ser desenvolvida, não só os perigos zumbis, mas principalmente as conexões humanas que vão se criando quando inúmeros sobreviventes com personalidades diferentes e contrárias se juntam sob um mesmo teto com a perspectiva de sobreviver. Eu imaginava que haveria mais resistência à liderança de Ivan, mas provavelmente na hora do desespero as pessoas só procuram alguém que diga que tudo vai ficar bem.

O gancho para o segundo livro está lá, e o final do livro é muito bom, 

Em termos de edição, não há o que criticar: revisão bem feita, diagramação caprichada, capa interessante! Parabéns para a Faro Editorial! E que venha o "A Batalha dos Mortos"!

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