sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O homem é a pior das pragas no volume 2 de Apocalipse Z (Renata Lima)


Antes de falar sobre o segundo volume da série Apocalipse Z de Manel Loureiro, vamos relembrar um pouquinho do volume um, intitulado "Apocalipse Z - O Princípio do Fim" lançado aqui no Brasil pela editora Planeta.

Nosso narrador era um advogado de prestígio que morava em Pontevedra na Espanha. Ele perdeu a esposa em um acidente e caiu em uma depressão profunda, só saindo dela quando ganhou um gato da irmã que chamou de Lúculo. Desde então, a vida seguia normalmente até que, próximo ao Natal, um grupo de extremistas da Tchetchênia tentou invadir um depósito de armas no Daguestão, mas em vez de armas encontraram ali um laboratório soviético semi abandonado. Revoltados, os terroristas destruíram o laboratório, liberando o vírus TSJ que se espalhou pelo mundo todo transformando as pessoas infectadas em zumbis.

Isolado do mundo em sua casa, sem notícias (porque não havia mais quem operasse rádios, TVs, nem quem passasse notícias pela internet) e sem saber como estavam seus parentes, nosso proeminente advogado foi obrigado a deixar sua cidade fugindo de barco para a cidade vizinha, Vigo, onde encontra outros sobreviventes, passa por inúmeras provações e faz amizade com o ucraniano piloto de helicóptero Víktor Pritchenko e com Lúcia e uma freira chamada Irmã Cecília.

O grupo decide então seguir viagem junto, deixando Vigo e partindo em direção às Ilhas Canárias.

O segundo livro começa exatamente nesse ponto.

Nossa Avaliação - 9.0
Chegando às ilhas, eles descobrem um grupo de sobreviventes passando por racionamentos e privações. São colocados em quarentena e um desenrolar um tanto trágico deixa a Irmã Cecília em coma. O interessante aqui é que o advogado finalmente tem noção do que aconteceu com o resto do mundo através de uma conversa com a líder do local, e descobre que a situação não está fácil para ninguém e que países inteiros foram devastados pelo vírus.

Por conseguirem chegar tão longe, o advogado e Viktor são obrigados a integrar um grupo de busca que vai até Madri procurar medicamentos para os demais sobreviventes, mas a missão que parecia mais fácil porque eles estavam armados até os dentes e teriam apoio de blindados, revela-se muito mais perigosa agora que um grupo de dissidentes resolve se rebelar.

Sozinha na cidade, Lúcia precisa enfrentar outras provações e fugir de pessoas que acham que ela e seus amigos podem ser espiões e principalmente de homens encantados com a sua beleza e jovialidade. Lembrando que ela e o advogado já estão tendo um affair a essa altura do campeonato.

O interessante desse livro é que, ao contrário do primeiro, ele não é narrado só em primeira pessoa pelo advogado, mas temos a versão de Lúcia narrada em terceira pessoa também e algumas pitadas de outras narrações que não são necessariamente narrações de personagens importantes para a história, mas que estão servindo de testemunha para algum fato que tem importância. Talvez por isso eu tenha achado esse livro mais dinâmico, mais ágil e consequentemente melhor do que o primeiro.

Os livros de tragédia em geral têm uma temática bem parecida: não importa a tragédia, o homem consegue ser pior do que qualquer uma delas! E não é só nas ações humanas que essa máxima se baseia, mas na própria fala do narrador quando diz: "- Quem, c******, precisa de uma infecção para exterminar a espécie humana? Nós sozinhos nos bastamos, obrigado!"

Quanto à edição da Planeta, só tenho uma coisa a reclamar: eu não sei se no original também está assim, mas é um tal de trocar o nome do gato que irrita! Tem hora que é "Lóculo", tem hora que é "Lúculo", seria bem interessante se eles se decidissem. 

No mais, um livro muito bem feito, diagramação muito boa, tradução impecável, revisão cuidadosa. Gostei mais do que do primeiro! E recomendo a série para quem gosta de suspense!





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