segunda-feira, 20 de abril de 2015

Corrupção, morte e a luta de uma mulher pela verdade! (Renata Lima)


Nossa Avaliação - 8.5
Em "De volta à Escuridão" de Ana Maria Santos, publicado pela Pandorga no ano passado, Sofia é uma mulher comum, funcionária de uma empresa onde o dono, Luís Caetano, faz a linha "dividir para conquistar". Ao longo dos anos, Luís Caetano criou uma empresa sólida, baseada em fofocas de funcionários sobre colegas de trabalho, o famoso leva-e-traz, não só profissional, mas também pessoal. Ao querer prejudicar alguém, os funcionários mais antigos se reuniam e combinavam as reclamações para que o chefe humilhasse a pessoa ou a demitisse por meio de sessões públicas de bullying e assédio moral.

Ao entrar na empresa, Sofia percebe que existem números que não batem e começa uma investigação. Logo, ela se depara com valores indevidos e descobre que seu antecessor já sabia sobre os documentos e pagamentos fraudados, mas que nada fez por medo. Porém, muito ética e correta em todas as suas ações, Sofia convoca uma reunião com o dono da empresa e um diretor sem saber que essa reunião terá consequências trágicas na vida dela e de seus familiares e amigos.

Sofia é acuada pelos diretores e gerentes corruptos, humilhada pelo dono da empresa e, apesar de contar com sua equipe e seu ex-namorado, fica desesperada para provar que tudo que diz é verdade. Em meio a todo esse furacão, os corruptos mandam sequestrar a irmã de Sofia, mas um dos sequestradores se empolga e, ao tentar estuprar a jovem, acaba por matá-la.

Tendo de voltar às suas raízes, a época em que chama de "escuridão" por ter vivido com um pai ausente, bronco e machista, que dizia que lugar de mulher era em casa cuidando dos filhos e que as filhas não precisavam saber muito mais do que ler e escrever e depois dos 18 anos arrumar bons maridos que fizessem bem o papel de provedores, Sofia acha forças na outra irmã e na mãe, que sempre sonhou com as filhas na faculdade e com um trabalho digno em empresas de renome e não em casa de família sofrendo humilhações e maus tratos como ela mesma.

Para protegê-las, Sofia precisa da ajuda de um policial e de um jornalista renomado que irão apurar a fundo todas as falcatruas da Kárus, dos diretores e do próprio dono da empresa, revelando um esquema de corrupção mais intricado do que se poderia imaginar!

O interessante é que a autora não mergulha só na vida da protagonista, mas também na vida do dono corrupto e de todos os diretores envolvidos no esquema não para justificar suas ações, mas para que nós, leitores, possamos ter uma visão ampla de que nem todos entram na vida do crime por necessidade e que nem a necessidade justifica o dinheiro fácil que eles acham que precisam. Ela debate caráter, criação, ganância e inveja de forma muito eloquente!

O que eu não gostei no livro, e isso é algo muito individual e que já reclamei de outros livros, é o fato da autora ficar antecipando fatos, com frases de efeito como "mal sabia ela que o pior ainda estava por vir", "muitos fatos ainda seriam revelados", "fulano e seus comparsas seriam acuados e expostos como nunca foram", "faltavam dias para a tragédia".

No mais, um trabalho editorial muito interessante da Pandorga com poucos erros trazendo uma autora nacional que escreve como poucas! Recomendo!



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