quarta-feira, 8 de abril de 2015

Onde mora a escuridão da alma. (Renata Lima)


Quando eu vi o release da nossa editora parceira, a Caligo, mostrando a capa e a sinopse de "A Forma da Sombra", de Fernando de Abreu Barreto, eu pensei: Eu necessito ler esse livro! A capa me remeteu aos filmes de terror e suspense - que eu adoro - e a sinopse, apesar de quase não revelar nada sobre a história, me deixou mais curiosa ainda! Tive que esperar uns poucos meses até que esse livro viesse parar nas minhas mãos, vindo das mãos do próprio autor com um autógrafo super legal! Fiquei toda boba e lá fui eu, em um sábado chuvoso, iniciar a leitura!

Nossa Avaliação - 100
Logo no início do livro nos deparamos com nosso personagem principal: um recluso condutor dos trens do metrô do Rio de Janeiro adaptado à vida na escuridão subterrânea dos túneis. O que para muitos pode trazer certo desconforto e até a sensação de claustrofobia, para ele é um mundo de paz e silêncio, um mundo familiar, um mundo que o atrai cada dia mais, que lhe mostra algo novo, algo encantador, algo a ser explorado toda vez que ele o desbrava, um mundo que aos poucos vai mudando quem ele é, o que ele sabe sobre si mesmo, o que ele acredita, o que pensa.

A vida longe dos trilhos e da escuridão se resume a momentos trancados em seu apartamento, com janelas recém-pintadas de preto para que a luz solar não entre, e passeios no submundo carioca, nos becos, nos inferninhos, nos bueiros que têm conexão com estações do metrô, bueiros esses que serão futuramente importantes para a trama.

Em primeira pessoa, nosso protagonista vai se revelando um ser humano passando por uma transformação interna, um auto descobrimento, uma busca por si mesmo, pelo que ele realmente é, pelo que não é, pela sua inabilidade de interagir com as pessoas, sejam elas seus chefes, seus vizinhos, seus amantes, pelo desenvolvimento de gostos peculiares e aterrorizantes.

Devo destacar que o autor criou um personagem tão forte, tão inquisitivo, tão interessante que, apesar das atitudes psicopatas, existe um senso de identificação tão mordaz conosco - leitores - que nos pegamos justificando suas atitudes, mergulhando com ele nesse questionamento de identidade, nessa jornada pelas perguntas que permeia todas as suas ações desde o início do livro: "Quem sou eu? O que eu sou?", perguntas essas que tomam maiores proporções quando um policial começa a investigar seus crimes pedindo sua ajuda!

Não quero revelar muito do enredo para não prejudicar a leitura de vocês, mas preciso dizer que fiquei absolutamente encantada com a forma do autor escrever, com os capítulos curtos e mesmo assim trazendo informações relevantes, com a construção dos personagens, com a construção dos cenários, com a narrativa em primeira pessoa, com o suspense transbordando em cada página!

A editoração da Caligo é uma coisa linda de se ver, desde a escolha da fonte até as páginas pretas que fecham as partes importantes. A capa é realmente incrível e tem tudo a ver com o livro, trazendo a escuridão e o mistério dos trilhos do metrô contrastando com o vermelho dos crimes lá embaixo cometidos. Perfeita!

Se eu tivesse que fazer alguma crítica, diria que a fonte poderia ser um pouquinho maior, porque talvez, para ler no ônibus não seja muito fácil, mas fora isso, um trabalho primoroso de escrita, editoração e revisão!

Ficou interessado? Você pode encontrar o livro nas melhores livrarias ou no site da Livraria Caligo, clicando aqui. Garanto que você não vai se arrepender!

Nenhum comentário:

Postar um comentário