segunda-feira, 18 de maio de 2015

A deliciosa cadência nos causos do sertão nordestino! (Renata Lima)


Existe uma lacuna muito grande a ser preenchida quando se trata de leitura de autores clássicos da literatura brasileira. No colégio, só me deparei com livros paradidáticos de autores consagrados pela literatura infanto-juvenil (Pedro Bandeira, Ruth Rocha, Marcos Rey, Ana Maria Machado etc) e tive contato com Machado de Assis e José de Alencar no Ensino Médio, só vindo a ser devidamente apresentada à literatura brasileira e seus movimentos com profundidade na faculdade. Assim me apaixonei pela narrativa de Guimarães Rosa e Graciliano Ramos.

Nossa Avaliação - 100
Como o tema desse mês do Desafio do Skoob era ler livros escritos originalmente em língua portuguesa e o desafio do Literanacional era visitar a região nordeste, não pensei duas vezes: uni o útil ao agradável e fui procurar um livro que se encaixasse nos dois desafios e que fosse um livro leve e despretensioso - por conta dos meus afazeres do mês, me deparando então com "Histórias de Alexandre" do querido Graciliano.

Alexandre é uma personagem meio matuto, meio fazendeiro, meio pescador, certamente um incrível contador de "causos" que narra, através de vários contos, sua vida como fazendeiro no sertão nordestino. Casado com Cesária, a mulher que está sempre a confirmar e incrementar suas histórias, Alexandre conta quase sempre com os mesmos ouvintes: o Coronel Pantaleão, a afilhada Terta, o cego Firmino.

De narrativas engraçadas sobre como seu olho ficou torto a histórias de assombração, a narração de Alexandre é deliciosa, cheia do sotaque nordestino, povoada com animais do sertão, inserindo um pouco - ou muito - do folclore da região em suas histórias fantásticas sempre muito bem detalhadas e com riqueza de detalhes.

É hilário quando Alexandre é questionado pelo cego Firmino, que se apena a pormenores para a irritação absoluta do contador e de sua esposa, mas tudo é resolvido quando Alexandre reconta a história adicionando fatos que não tinha revelado anteriormente, deixando o "causo" cada vez mais colorido e engraçado!

Quem cresceu nos anos 80, como eu, teve a oportunidade de ver Chico Anysio interpretando o papel de Alexandre, trocando apenas o nome do protagonista pelo nome do Coronel Pantaleão, da esposa Cesária pelo da sobrinha/afilhada Terta, o bordão do livro "É ou não é, Cesária?" pelo da TV "É mentira, Terta?" e o questionador Firmino pelo Pedro Bó. 

De qualquer forma, é diversão pura!


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